sexta-feira, 6 de abril de 2012

Especial Educom 2012: Grácia Lopes Lima fala dos objetivos do Cala-Boca Já Morreu

06/04/2012 16:08
Por Sucena Shkrada Resk (Blog Cidadãos do Mundo)

Durante o Encontro Paralelo de Educomunicação, no VII Fórum Brasileiro de Educação Ambiental, no último dia 28 de março, Grácia Lopes Lima, doutora em Educação e mestre em Ciências da Comunicação, concedeu entrevista ao Blog Cidadãos do Mundo, momento em que falou de seu olhar sobre o processo educomunicativo e os objetivos do projeto Cala-Boca Já Morreu, que teve seus primeiros passos a partir dos anos 90.
Blog Cidadãos do Mundo – Grácia, como você define a educomunicação?
Grácia Lopes Lima – Eu traduzo a educomunicação como o sinônimo de uma coisa muito simples, no meu entender, que é educação pelos meios de comunicação, ou seja, usar os meios de comunicação social (rádio, vídeo, internet), que atinge um público incontável para promover uma educação diferente daquela que a gente sempre recebeu essencialmente pela via escolar. Essa é para aprender a obedecer e se enquadrar, a ser objeto e não sujeito. É chamada de tradicional ou tecnicista. Isso quer dizer, que por muitas vezes, pensa-se em se produzir...produzir de forma fabril, em que há alguém que manda e outro que obedece. Por outro lado, diferente dessa, há a educação que queremos produzir pelos mesmos meios de comunicação, voltada ao fortalecimento do indivíduo e não ao “empoderamento” (termo muito utilizado nesta área).
Blog Cidadãos do Mundo – Qual é a diferença entre o fortalecimento e o empoderamento, na sua avaliação?
Grácia Lopes Lima – Há uma diferença brutal. O empoderamento é uma palavra que vem do inglês, que tem muito a ver com o desenvolvimento do individualismo – ‘eu sou um vencedor, invencível, então, eu me supero e fui escolhido como um cromossoma que venceu’ – e leva a querer ser mais que os outros. Já o fortalecimento propõe o desenvolvimento do indivíduo, que nasce completo e não pela metade, que junto com os outros no grupo segue essa proposta conjunta continuamente até ‘morrer’. Então, educomunicação é educar para essas questões – como recuperar o que me caracterizou como ser humano? Essa educação nos faz lembrar que nascemos para ser independentes da mãe e de qualquer outra pessoa, capazes de criar e sermos responsáveis por nós mesmos. Isso é um processo para a vida inteira, que não é possível se fazer sozinho, mas sempre junto com os outros. Em resumo, educomunicação é uma prática política de intervenção social, fazendo com que as pessoas recuperem o que nos caracteriza como seres humanos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário