sábado, 14 de janeiro de 2012

Rio+20: O que fazemos com tanta informação?


Por Sucena Shkrada Resk (Blog Cidadãos do Mundo
Para quem acompanha ou atua na área socioambiental, a contagem regressiva para a realização da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), em junho, ao menos, gera uma carga significativa de pesquisas e informações para que possamos trabalhar o pensamento complexo, como diz o pensador francês Edgar Morin.

Então, nada melhor do que colocar os “neurônios” para trabalhar, para que saiamos do estado de inércia ou de eterna contemplação de discursos recorrentes da agenda ambiental e passemos para as ações no dia a dia. E vale a sabedoria implícita no “processo de formiguinha”, pois é aí que nasce, de fato, os feitos úteis à sociedade. Afinal, temos de dar sentido ao que fazer com tanta informação, não é verdade?...

Nessa gama de documentos, destaco alguns, que possibilitam reflexões a respeito da condução do modelo de desenvolvimento no qual vivemos e compactuamos, de certa forma. Com o nome “O Futuro que Queremos”, a secretaria – geral da Rio+20 lançou o draft (rascunho zero) da declaração oficial a ser apresentada no encontro. A tradução não-oficial do documento, em que constam 128 itens, pode ser consultada no site da Cúpula dos Povos (evento paralelo da sociedade civil) http://tinyurl.com/zerodraftrioplus20.

Os temas que se destacam nesse paper são: - Água potável, energia sustentável e oceanos. Outras áreas consideradas prioritárias para ações concretas de mudanças são: segurança alimentar e agricultura sustentável; cidades sustentáveis; empregos verdes, emprego e inclusão social; redução dos riscos de desastres e resiliência; biodiversidade e florestas.

Todos esses tópicos giram em torno do modelo de extração, produção e consumo, que mantemos. Numa maneira mais simplificada de interpretação, trata de nossas “pegadas” – ecológica, hídrica, energética...


E uma das conclusões óbvias expressas no texto é: "...Nós, no entanto, observamos que, apesar dos esforços dos governos e atores não-estatais em todos os países, o desenvolvimento sustentável continua a ser um objetivo distante, e as principais barreiras e lacunas sistêmicas na implementação dos compromissos acordados internacionalmente permanecem...”. Veja a íntegra em
www.cidadaodomundo.blog-se.com.br .

sábado, 7 de janeiro de 2012

Nota: Funai afirma que irá apurar caso de criança indígena carbonizada

Por Sucena Shkrada Resk (Blog Cidadãos do Mundo)
  Praticamente três meses depois, a Fundação Nacional do Índio (Funai) informou que está encaminhando equipe para apurar o caso de denúncia de que uma criança indígena do povo Awá-Guajá teria sido queimada por madeireiros em outubro no Maranhão. Mais informações deverão ser prestadas no dia 9. A pressão das redes sociais teve um efeito imediato ontem.
 
  Mais informações no link da matéria veiculada pela Agência Brasil, na noite de ontem: http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2012-01-06/funai-apura-caso-de-crianca-carbonizada-por-madeireiros-no-maranhao
 
  Leia mais no Blog Cidadãos do Mundo:
  06/01 - Que chance teve a criança indígena?

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Que chance teve a criança indígena?

Por Sucena Shkrada Resk (Blog Cidadãos do Mundo)
  Uma notícia realmente me abateu hoje. Foi da denúncia da atrocidade feita com uma criança indígena do povo Awá-Guajá, de cerca de oito anos. O seu corpo carbonizado teria sido abandonado pelos Awá isolados, a cerca de 20 km da aldeia Patizal do povo Tenetehara, em Arame (MA). Tudo indica que foi vítima de ataque de homens brancos. O mais estarrecedor é que esse ato de violência deve ter acontecido entre setembro e outubro passado. E está sendo apurado pela Fundação Nacional do Índio (Funai) e pelas autoridades? Afinal, existe uma Coordenação Geral de Índios Isolados e Recém Contatados (CGIIRC).

   Quando li no site do Conselho Missionário Indigenista (CIMI), que a criança foi "queimada viva", tive a sensação de estar no "umbral". A ganância pelas terras, pelo comércio ilegal de madeira faz com que alguns seres humanos se transformem na escória de nosso planeta. Fico apreensiva, quando dizem que descobriram índios isolados, no intuito de protegê-los. Quando o homem branco intervém, em muitos casos, vem a cobiça junto. O país é de dimensão continental, será que há tanta dificuldade de haver espaço para todos? Obviamente que não.

   Ao mesmo tempo, sem saber da existência dessas comunidades, às vezes, podem ser dizimadas, sem que saibamos que um dia existiram. É uma linha muito tênue. A Funai estima que existam 28 grupos de índios isolados (povos em situação de isolamento voluntário, povos ocultos, povos não-contatados) no Brasil. Além da CGIIRC, mantém 12 Frentes de Proteção Etnoambiental, localizadas nos estados do MT (2), MA (1), PA (2), AM (3), AC (1), RO (2), e RR (1). Os povos são os seguintes:

- Juruena, Awa-Guajá, Cuminapanema, Vale do Javari, Envira, Guaporé, Madeira, Madeirinha, Purus, Médio Xingu, Uru-Eu-Wau-Wau e Yanomami.

   As informações também são encontradas no site Povos Indígenas do Brasil, do Instituto Socioambiental (ISA). Mas as certezas estão longe de se efetivar sobre esse censo.

   Uma das descobertas mais recentes ocorreu em janeiro do ano passado, quando foi divulgada a notícia de que a organização não -governamental (ONG) Survival International, de Londres, tinha imagens inéditas de indígenas isolados no Vale do Rio Envira, no Acre, na fronteira do Brasil com o Peru; e os mesmos sofriam pressão de madeireiros (http://www.uncontactedtribes.org/fotosbrasil). A descoberta foi confirmada pela Fundação Nacional do Índio (Funai). E a partir daí, o que essas pessoas podem esperar com relação à sua segurança? Veja mais em www.cidadaodomundo.blog-se.com.br .

Anos e décadas institucionais da ONU e a Rio+20


Por Sucena Shkrada Resk (Blog Cidadãos do Mundo)

  No contexto da #Rio+20, estrategicamente a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu 2012 como ano de importantes eixos da sustentabilidade, quando completa 40 anos de atividade:

   Os temas são:

   - Ano Internacional de Energia Sustentável para Todos e
 - Ano Internacional das Cooperativas (que quem sabe, impulsione institucionalmente, pelo menos, a economia solidária aqui no Brasil e no mundo);

   Vale lembrar que no dia 17 de dezembro passado, a organização lançou também a Década da Biodiversidade (2011-2020); mas se pensarmos bem, deveria ser (2012-2021), pois foi quase na virada de ano. Mas esse não é o detalhe principal, o que importa é que todos os acordos tecidos nas conferências das partes sejam implementados, como o Protocolo ABS, de Nagoya.


   Já a Década sobre Desertos e de Combate à Desertificação (2010-2020) - observem que tem mais um ano = 11 anos -, está em vigor desde o ano retrasado e é um dos temas que deveria ser dos mais prioritários na agenda, que está interligado às mudanças climáticas, ao combate à fome, mas parece que para o mundo se torna de segundo escalão. O que é contraditório, afinal, mais de 100 países no mundo passam por este problema. O flagelo em locais como o Chifre da África, entre outros, nos lembra diariamente o que isso significa: degradação, violência e morte. Mais de 1 milhão de pessoas passando fome parece que vira um assunto a mais nas manchetes eventuais e nas discussões multilaterais principalmente na pujança da temática econômica.


   O mais interessante é que a Década das Nações Unidas da Educação para o Desenvolvimento Sustentável (2005-2014) praticamente passa em branco para a imprensa, para o setor educacional e principalmente para todos nós. Não seria um exercício e tanto para se repensar o modelo de desenvolvimento, que tem muito a ver com a governança da sustentabilidade, que será tratada na Rio+20? Nesse mesmo eixo, caiu no esquecimento, a Década da ONU Água para a Vida (2005-2014). Então, para que servem todas essas datas? Em tese, no campo das negociações políticas internacionais, para que os países que fazem parte do Sistema ONU se comprometam com políticas condizentes a essas pautas. Mas é óbvio que as ações dependem de uma conjuntura: governança no poder, financiamentos, políticas públicas estruturantes e por aí vai...


   E não podemos menosprezar, inclusive, as entrelinhas da Década de Ações para a Segurança no Trânsito (2011-2020). Aí alguém pode perguntar o que isso tem a ver com sustentabilidade...Algumas respostas nada desprezíveis: modelo de consumo, cultura de paz, qualidade de vida e a relação com emissões de Gases de Efeito Estufa (GEEs). A lógica é a seguinte: veículos menos poluentes e com boas condições de manutenção resultam em mais segurança...Leia a íntegra em
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