segunda-feira, 30 de abril de 2012

Rumo à Rio+20: Um olhar sobre Perito Moreno



Por Sucena Shkrada Resk (Blog Cidadãos do Mundo)
#RumoàRioMais20 & MudançasClimáticas - Registrei essa imagem do Glacial Perito Moreno, no Parque Nacional Los Glaciares, na Patagônia Argentina, no último dia 17 de abril. O gigante de gelo dos Andes vem sofrendo transformações gradativas e grandes calotas começaram a se desprender do maciço, a partir de março deste ano, depois de um longo período de tempo. As ocorrências anteriores foram registradas oficialmente em 1988, 2004, 2006 e 2008.

Esse patrimônio da humanidade, com 60 m de altura e 200km2 de extensão é um exemplo "vivo" do quanto é importante termos um olhar voltado à conservação do planeta. Ele ainda permanece em sua maior parte estável, mas até quando?

sábado, 21 de abril de 2012

A RELAÇÃO MÍDIA E MEIO AMBIENTE É UMA DAS PAUTAS DE EVENTO NO RS

A RELAÇÃO MÍDIA E MEIO AMBIENTE É UMA DAS PAUTAS DE EVENTO NO RS
Por Ivan Ruela
Prêmio Global 500 da ONU, Vilmar estará em Bento Gonçalves 
As questões ambientais vêm ganhando cada vez mais força em diversos segmentos. A necessidade da busca de informações e discussões desta temática e a sua disseminação recebe dia a dia, mais espaço na mídia.
A FIEMA, Feira Internacional de Meio Ambiente de Bento Gonçalves e o portal Jornalismo Ambiental promovem no próximo dia 25 de Abril o  1° Fórum de Jornalismo Ambiental, organizado simultaneamente nesta feira. Serão debatidos três temas. Sustentabilidade e Meio Ambiente em Pauta – possibilidades, abordagens e desajustes, O Jornalismo Ambiental virtual – a cobertura feita nas mídias sociais, sites e blogs e Rio + 20 – como o tema está sendo tratado e como chegará à população.
Estão Confirmadas as presenças de Ricardo Voltolini, da empresa Ideia Sustentável, Alan Dubner, consultor em Comunicação Interativa, especializado em Mídia Social, integrante do portal Jornalismo Ambiental e Paulina Chamorro, gerente de Meio Ambiente do grupo Estadão e apresentadora das rádios Eldorado e Estadão ESPN. Henrique Camargo, editor do Mercado Ético, Reinaldo Canto, do portal Envolverde, especialista em Sustentabilidade, Cláudia Piche, do Ideia Sustentável, e Vilmar Berna, fundador da Rede Brasileira de Informação Ambiental (REBIA), e editor do Portal e da Revista do Meio Ambiente, também reforçarão as mesas deste encontro.
Com entrada franca, o Fórum de Jornalismo Ambiental acontece a partir das 15h30min. Confirmações de presença podem ser encaminhadas pelo e-mail imprensa1@fiema.com.br, ou pelo telefone (54) 3055.3979, com a assessoria de imprensa. O cadastramento antecipado para entrada na feira pode ser feito pelo site www.fiema.com.br. A realização é do grupo nacional Jornalismo Ambiental (www.jornalismoambiental.com) e de Fiema Brasil. Patrocínio de Fundação FAT e FAT Vitae.
*Moderador nacional da REBIA
Editor do Blog http://eicaambiental.blogspot.com

domingo, 8 de abril de 2012

Especial Educom: Ismar Soares e a educomunicação na academia e fora de seus muros



Por Sucena Shkrada Resk (Blog Cidadãos do Mundo)

O professor Ismar de Oliveira Soares, mestre e doutor em Ciências da Comunicação, durante bate-papo com o Blog Cidadãos do Mundo, fala sobre as recém-criadas licenciatura em educomunicação e especialização na Universidade de São Paulo (USP), das quais é coordenador, e do panorama da formação na área no Brasil. Desde 1996, desenvolve ações voltadas à difusão dessa área do conhecimento, no Núcleo de Comunicação e Educação da Escola de Comunicações e Artes (NCE/ECA/USP). A conversa aconteceu, durante o Encontro Paralelo de Educomunicação, no VII Fórum Brasileiro de Educação Ambiental, em 28 de março, na cidade de Salvador.

Blog Cidadãos do Mundo
– Como ocorreu o processo que levou à decisão de se constituir o curso de licenciatura em educomunicação na USP?

Ismar de Oliveira Soares
– A criação da licenciatura foi resultado de um trabalho que a própria universidade construiu, desde o início dos anos 90 até recentemente. Entre 1989 e 1991, realizamos o primeiro curso de especialização em educação e comunicação, e a partir de então, começamos a desenvolver alguns programas, como da criação da revista do segmento e do curso de gestão de processos comunicacionais. Formamos 30 turmas e somado a isso, algumas pesquisas do universo imaginário, de quem trabalhava a relação de educação e comunicação, de uma forma alternativa à já constituída nos sistemas tradicionais. E com a identificação da educomunicação como uma prática social bem definida, em termos teóricos e mercadológicos, coube ao próprio NCE/ECA/USP, o diálogo com a sociedade e com o poder público, que resultou em cursos que atenderam a cerca de 30 mil pessoas, entre 2000 e 2010. Tudo isso levou a universidade a refletir sobre sua posição de trazer a discussão para a graduação.
Com isso, reconhece que existe um saber profissional a ser compartilhado, porque a graduação existe em função de saberes e práticas de atendimento às necessidades da população.

Blog Cidadãos do Mundo
– Qual é o objetivo deste curso e o que ele agregará ao profissional que se formar nele?

Ismar de Oliveira Soares
- A educomunicação foi reconhecida pela USP como campo de interface entre a educação e comunicação. Ao criar a graduação, inicialmente, desenhamos um perfil de curso para bacharelado, em que o especialista trabalharia como contratado, consultor na interface na mídia no terceiro setor e na própria assessoria de escolas. No entanto, entendemos que o bacharel tem dificuldade de entrar no espaço escolar, que é aberto ao licenciado. Identificamos, que a Lei de Diretrizes e Bases (LDB), nos parâmetros curriculares, especialmente no ensino médio, identificava a comunicação como área de interesse para 25% de sua grade curricular . Entretanto, ninguém preparava o profissional para assumir esse papel. O próprio Ministério da Educação, com a divulgação desse coeficiente comunicativo, tratava isso como informática educativa. Não entendia a dimensão da própria legislação. A falta desse profissional foi sentida a partir dos anos 90. Então, a graduação assumiu a figura de licenciatura híbrida, neste curso. Forma o professor para dar aula em escolas de ensino médio, como também, o consultor da mídia e do terceiro setor. Já estamos na segunda turma de iniciantes no curso.

Blog Cidadãos do Mundo
– Há outros cursos universitários na área de educomunicação no Brasil?

Ismar de Oliveira Soares
– Existe um bacharelado na Universidade Federal de Campina Grande, na PB, que futuramente deverá agregar a licenciatura. Foi iniciada simultaneamente à licenciatura da USP. Há um terceiro curso em formação, já em fase de contratação de professores, na Universidade Estadual de Santa Catarina. Lá está sendo criado um curso à distância de Educomunicação. É uma proposta muita inovadora. Existe um vínculo entre essas propostas e a nossa. A Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP) de Assis também anunciou que criará uma licenciatura na área.

Veja a íntegra em http://www.cidadaodomundo.blog-se.com.br .

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Especial Educom 2012: Grácia Lopes Lima fala dos objetivos do Cala-Boca Já Morreu

06/04/2012 16:08
Por Sucena Shkrada Resk (Blog Cidadãos do Mundo)

Durante o Encontro Paralelo de Educomunicação, no VII Fórum Brasileiro de Educação Ambiental, no último dia 28 de março, Grácia Lopes Lima, doutora em Educação e mestre em Ciências da Comunicação, concedeu entrevista ao Blog Cidadãos do Mundo, momento em que falou de seu olhar sobre o processo educomunicativo e os objetivos do projeto Cala-Boca Já Morreu, que teve seus primeiros passos a partir dos anos 90.
Blog Cidadãos do Mundo – Grácia, como você define a educomunicação?
Grácia Lopes Lima – Eu traduzo a educomunicação como o sinônimo de uma coisa muito simples, no meu entender, que é educação pelos meios de comunicação, ou seja, usar os meios de comunicação social (rádio, vídeo, internet), que atinge um público incontável para promover uma educação diferente daquela que a gente sempre recebeu essencialmente pela via escolar. Essa é para aprender a obedecer e se enquadrar, a ser objeto e não sujeito. É chamada de tradicional ou tecnicista. Isso quer dizer, que por muitas vezes, pensa-se em se produzir...produzir de forma fabril, em que há alguém que manda e outro que obedece. Por outro lado, diferente dessa, há a educação que queremos produzir pelos mesmos meios de comunicação, voltada ao fortalecimento do indivíduo e não ao “empoderamento” (termo muito utilizado nesta área).
Blog Cidadãos do Mundo – Qual é a diferença entre o fortalecimento e o empoderamento, na sua avaliação?
Grácia Lopes Lima – Há uma diferença brutal. O empoderamento é uma palavra que vem do inglês, que tem muito a ver com o desenvolvimento do individualismo – ‘eu sou um vencedor, invencível, então, eu me supero e fui escolhido como um cromossoma que venceu’ – e leva a querer ser mais que os outros. Já o fortalecimento propõe o desenvolvimento do indivíduo, que nasce completo e não pela metade, que junto com os outros no grupo segue essa proposta conjunta continuamente até ‘morrer’. Então, educomunicação é educar para essas questões – como recuperar o que me caracterizou como ser humano? Essa educação nos faz lembrar que nascemos para ser independentes da mãe e de qualquer outra pessoa, capazes de criar e sermos responsáveis por nós mesmos. Isso é um processo para a vida inteira, que não é possível se fazer sozinho, mas sempre junto com os outros. Em resumo, educomunicação é uma prática política de intervenção social, fazendo com que as pessoas recuperem o que nos caracteriza como seres humanos.

segunda-feira, 12 de março de 2012

Parte1- Paulo Nogueira-Neto:história que se funde com o ambientalismo brasileiro


Por Sucena Shkrada Resk (Blog Cidadãos do Mundo)

Falar sobre Paulo Nogueira-Neto não é uma das tarefas mais fáceis, afinal, é figura-chave para a compreensão da história “viva” do socioambientalismo brasileiro e internacional. Prestes a completar 90 anos, em 18 de abril, esse paulistano continua a contribuir com suas reflexões oriundas de uma experiência de pelo menos 60 anos de jornada, em que transitou do Estado Novo à Ditadura e à Democracia, consolidando seu posicionamento sobre a “sustentabilidade”.

Nos anos 50, ele lembra que “os ambientalistas”, movimento do qual já fazia parte, cabiam em uma Kombi. “Havia uma em São Paulo e outras em Minas Gerais, em Pernambuco, no Rio Grande do Sul e no Rio de Janeiro...”, fala bem-humorado. Nessa época, foi um dos fundadores da Associação de Defesa da Flora e da Fauna, que posteriormente se transformou na Associação de Defesa do Meio Ambiente - São Paulo (Adema - SP).


Uma pessoa de sorriso fácil e memória invejável – diga-se de passagem –, ele relembra de detalhes de bastidores de momentos importantes que protagonizou como homem público e militante da área ambiental e não demonstra desânimo ao defender políticas no setor mais vigorosas no país e no mundo. Para isso, não mede esforços. Aconselha (seja quem for), desde estudantes à presidente da república, Dilma Rousseff, quando se trata dos riscos impostos na atualidade à agenda ambiental, sobre a qual se esforça em estar atualizado.


Uma de suas preocupações atuais é o andamento da votação do Código Florestal, na Câmara dos Deputados.“O projeto de lei realmente tem alguns problemas. A reforma será boa, desde que não prejudique o meio ambiente”


Professor emérito de Ecologia da Universidade de São Paulo, na qual ministrou a disciplina, desde 1988, e membro do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama), do qual também foi presidente e fundador, Neto tem um currículo extenso nessa seara. Formado em Ciências Jurídicas e Sociais, em 1945, e em História Natural, em 1959, pela Universidade de São Paulo (USP), como pesquisador, tornou-se especialista em abelhas indígenas sem ferrão (Meliponinae) e em pombas e rolas, entre outras.


Foi nomeado o primeiro secretário especial do Meio Ambiente (SEMA), em 1974, órgão à época, vinculado ao Ministério do Interior, com prerrogativas de ministro. E lá permaneceu até 1986. “Sobrevivi a quatro governos (rs), até a metade da gestão Sarney. Eu estava representando a comunidade científica e interessado na relação do país com o meio ambiente”. Leia a íntegra em:
http://www.cidadaodomundo.blog-se.com.br .

domingo, 11 de março de 2012

Aprendizado para a sustentabilidade

Por Vilmar Sidnei Demamam Berna (Fundador da Rebia)
 
Nossa espécie tem a capacidade de adequar sua visão de mundo até que faça sentido com seus interesses e valores. A realidade é o que é, mas também inclui o que achamos e convencionamos que passará a ser, por que parte dela é matéria e parte é feita dos nossos sonhos, utopias, idéias que dão sentido à existência.
 
Nossos atos, comportamento, moral, ética são determinados por essas visões da realidade e, estas, são influenciadas pelas informações e pelos valores que recebemos.
 
A informação histórica, por exemplo, nos dá possibilidade de conhecer nossas raízes e herança, as origens das idéias que definem e dão sentido ao mundo como o conhecemos hoje e como isso influência em nossas atitudes e escolhas. Até para que compreendamos que são idéias aprendidas e que elas mudam à medida que mudamos nossas escolhas.
 
A idéia predominante hoje é a de que somos os donos da natureza. E ela não é nova. Também não é uma idéia européia. Muito antes dos “Descobridores” terem chegado ao ´Novo Mundo` os povos que os antecederam já tinham se encarregado de extinguir a megafauna, como a preguiça gigante. E nos demais continentes aconteceu o mesmo com o Mamute, o Tigre-dente-de-sabre e tantas outras espécies. Técnicas de caça primitivas, ainda usadas hoje, mostram como deve ter sido. Os caçadores queimavam parte dos ecossistemas obrigando os animais a fugirem até serem encurralados em lamaçais ou locais onde pudessem ser abatidos mais facilmente.

O desastre ambiental devia ser enorme a cada caçada. Até aqui, não existiram mocinhos em nossas relações com a natureza. Nossa geração tem a chance de começar a mudar essa história, por que nenhuma antes de nós teve tantos recursos e conhecimentos disponíveis. Não podemos nos livrar de nossa herança biológica que nos coloca na parte da cadeia alimentar reservada aos predadores, mas isso também não significa que tenhamos que agir como pragas que consomem até se extinguirem depois de destruir tudo. Diferente das pragas, temos discernimento para escolher entre o bem e o mal.
 
Também não é justo, com os humanos que nos antecederam repudiarmos a herança natural e cultural que nos deixaram. Certos ou errados, graças a eles estamos aqui, hoje. E se temos mais ferramentas e tecnologias do que eles, mais compreensão e conhecimento da natureza do que eles tiveram, não se justifica continuar cometendo os mesmos erros. Nossa geração tem uma oportunidade histórica que nenhuma geração anterior à nossa teve, a de encontrar um caminho de sustentabilidade na nossa relação com a natureza.
 
Precisamos encarar o fato de que as máquinas que vieram facilitar a nossa vida foram também as principais responsáveis por aumentar nossa ´pegada ecológica´. A destruição e o uso dos recursos naturais - que antes da Revolução Industrial se dava numa escala artesanal -, passou a se dar numa escala industrial. Nos últimos dois ou três séculos, as gerações que nos antecederam deixaram uma herança cultural e econômica importante, mas também deixaram atrás de si um rastro de destruição ambiental, miséria para a maioria e concentração de riquezas e poder para uma minoria.Talvez este seja o papel da nossa e das próximas gerações, encontrar o equilíbrio entre o direito ao progresso e ao desenvolvimento humano e a sustentabilidade da natureza, o que vai exigir uma mudança radical na forma como pensamos e fazemos as coisas. Podemos não conhecer exatamente como ser sustentáveis, mas não temos alternativas a não ser tentar, aprendendo no próprio ato de caminhar, por que a história não nos inspira com bons exemplos de sustentabilidade.
 
A boa noticia é que estamos mudando, e rápido. A escravidão foi abolida e hoje é considerada crime hediondo, assim como o preconceito. Na nossa relação com os animais cada vez menos a sociedade tolera maus tratos sob qualquer argumento e já existe um sentimento de que precisamos promover o bem estar deles. Os povos originais não contatados ainda são mantidos isolados, para viverem da forma que julgarem melhor. Em relação à natureza, cresce cada vez mais o conceito de sustentabilidade.
 
Já existe uma forte pressão mundial para que o principal indicador de progresso das nações, o PIB ( Produto Interno Bruto ), não considere apenas indicadores econômicos, mas também sociais e ambientais. Os relatórios de prestação de contas das empresas já incorporam a sustentabilidade como parte do negócio em vez ver como um custo a mais ou um obstáculo no caminho do lucro.
 
A má noticia é que entre as idéias - a boa intenção, as leis, as políticas, o discurso - e as boas práticas, ainda existe um enorme vazio a ser preenchido com trabalho duro de gestão, capacitação, sensibilização, treinamento, pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias, democratização da informação para a sustentabilidade para que as pessoas possam fazer escolhas diferentes das que nos conduziram à beira de um colapso e, principalmente, exercício de cidadania critica e consciente, por que as mudanças não acontecem por acaso nem são resultados de salvadores da pátria ou de déspotas esclarecidos.
 
As mudanças, numa sociedade, para serem duradouras, devem resultar da organização dessa sociedade em torno de seus direitos e no rumo do mundo melhor que deseja.  E esta organização e consciência socioambiental têm crescido a cada Fórum Social Mundial, a cada Cúpula dos Povos, a cada nova ONG que é criada para lutar pelos direitos difusos, e, infelizmente, a cada grande acidente ambiental - amplamente divulgado por uma mídia cada vez mais sensível às questões socioambientais.
 
O anunciado colapso ambiental já está nos atingindo. Segundo alerta de 1360 cientistas, de 95 países diferentes, que durante 4 anos, de 2001 a 2005, estudaram a situação ambiental global, 60% dos ecossistemas do Planeta já foram alterados. Para ficar só num exemplo - entre tantos outros -, as águas do mar de Aral foram drenadas para a produção agrícola até seu completo esgotamento. E detalhe. Neste caso, não foi pelo Capitalismo ou pela ganância de uns poucos em enriquecer, mas foi num país de regime Comunista, resultado de um planejamento governamental, de uma técnica e uma política comprometida com uma visão de mundo onde apenas os ganhos socioeconômicos foram levados em conta em detrimento dos ambientais. O que também revela que a ciência, a política, a técnica não são neutras. E que não interessa o 'ismo' ideológico que uma sociedade adote; se não respeitar a capacidade de suporte da natureza vai chegar aonde os outros chegaram. Onde antes havia um mar, com navios, peixes e pescadores, agora existe um deserto.
 
Ignorar os alertas não livrou civilizações anteriores como a dos Faraós, dos Maias, dos povos da Ilha de Páscoa de se extinguirem após o uso intensivo dos seus recursos naturais, principalmente da água, além da capacidade de suporte da natureza.
 
Precisamos aprender com os próprios erros e mais ainda com os erros alheios a fim de não repeti-los indefinidamente.
 
Gostamos do conforto de nossas cidades e não saberíamos mais viver sem elas. Mais um motivo para encontrarmos o ponto de equilíbrio que nos permita associar desenvolvimento econômico, justiça social com a capacidade de suporte da natureza. Civilização nenhuma antes da nossa possuiu tantos recursos, conhecimento e informação, oportunidades quanto a nossa. Hoje, sabemos muito bem aonde o mau uso da natureza pode nos levar e sabemos que podemos mudar nossa história.

* Nova versão, após colaboração crítica da RebiaSul.


segunda-feira, 5 de março de 2012

Rio+20: Zukang no Brasil e cidadãos na mobilização


Por Sucena Shkrada Resk (Blog Cidadãos do Mundo)

  O principal papel da cidadania é exercê-la, senão se torna figurativa. No contexto da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável - Rio+20, o acompanhamento de algumas agendas e documentos também possibilita a construção de argumentos mais sólidos nas bandeiras de lutas. Afinal, é preciso saber "exatamente" com o que concordamos ou não e o porquê.

   De hoje até o dia 10, Sha Zukang, secretário-geral da Rio+20, está no Brasil, participando de reuniões com o governo brasileiro. No dia 8, em especial, terá audiência com os parlamentares brasileiros, para tratar dos preparativos políticos e logísticos para a Rio+20 e as formas de propostas quanto à temática do desenvolvimento sustentável. É interessante acompanhar o desenrolar dessas pautas, observar as informações e tratativas.

   Enquanto isso, nós, da sociedade civil, ainda podemos nos mobilizar para fazer a leitura do rascunho zero do documento oficial do evento, cujo nome é "O Futuro que queremos", construindo uma análise crítica e propostas sobre o mesmo. Primeiramente para a constituição do próprio repertório individual e depois para o compartilhamento de discussões coletivas.

   Caso haja interesse, também é possível que cada cidadã e cidadão encaminhe suas análises à secretaria da Rio+20 (via vídeos ou fotografias de assuntos que você deseja sobre sua comunidade – ou assuntos que pensa que ainda serão parte da vida daqui a 20 anos; Vídeos ou gravações em que você contará suas ideias; Desenhos; Cartas ou curtas redações -300 palavras ou menos).

   Esse é um canal da estrutura de comunicação da conferência, que pode ser acessado em "kit de conversação" de "O Futuro que Queremos".

  Veja a íntegra do artigo em: http://www.cidadaodomundo.blog-se.com.br .

sábado, 3 de março de 2012

O desafio de reaprendermos a ser 'humanos'

Por Sucena Shkrada Resk (Blog Cidadãos do Mundo)





  Alguns ensinamentos na vida são para sempre. Nesse repertório adquirido no dia a dia, as palavras de Nélida Céspedes, educadora peruana, presidente do Conselho de Educação de Adultos da América Latina (CEAAL), proporciona muitas reflexões: "Precisamos reaprender a ser seres humanos". 


   A frase dita, durante o Fórum Mundial de Educação, em Porto Alegre, neste ano, compreende muitas leituras. Segundo a educadora, hoje, apesar de vivenciarmos um sistema democrático intercultural, enfrentamos a corrupção e o autoritarismo.

   "O Movimento de Educação Popular está vivo por sua força ética. Não pode suportar violações. Os direitos a acesso são desde as crianças a imigrantes. É uma pedagogia que combina indignação com as propostas do coração". E nesta seara, segundo ela, está a preocupação com a justiça socioambiental. 


Fim do mundo e sustentabilidade

Por Vilmar Sidnei Demamam Berna (Fundador da Rebia)

  Por mais duro que seja o golpe na nossa autoestima e sentimento de superioridade, para a natureza e o Planeta somos plenamente dispensáveis. Tudo pode continuar sem nós, a não ser, claro, nós mesmos. A natureza e as demais espécies não são recursos naturais à disposição da espécie humana. Muito menos uma lixeira para nossos restos. Ou revemos nossa visão e atitudes, ou acontecerá com nossa civilização - e talvez com nossa espécie - o que já aconteceu com outras antes.
 
  Não é de hoje que se anuncia o fim do mundo. Os Maias, por exemplo, anunciaram o deles para agora, 12/12/2012, só que ironicamente não terão a oportunidade de conferir, por que eles próprios se encarregaram de abreviar a passagem deles pelo Planeta. Quando os invasores europeus chegaram por lá, foi para dar o golpe de misericórdia e roubar todo o ouro, por que a Civilização Maia já estava em declínio pela falta de água. Aliás, situação parecida com a que vitimou a Civilização dos Faraós, no Egito, e mais tarde a da Ilha de Páscoa. Será que os Maias, os Faraós, o povo da Ilha de Páscoa não se deram conta dos riscos, ou apenas perceberam quando já era tarde demais? Ou será que escolheram não dar bola para os avisos de alerta?
 
  Qual é a dificuldade em compreender que se estivermos caminhando numa determinada direção, tenderemos a chegar lá? Em 2005, a Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou um relatório intitulado "Avaliação Ecossistêmica do Milênio" (AEM), resultado de cerca de quatro anos de estudos intensivos de 1.360 cientistas de 95 países, que produziram um dos documentos mais completos e atualizados sobre a situação do meio ambiente no Planeta. O estudo revelou que cerca de 60% de todos os ecossistemas do planeta estão degradados ou sendo usados de um modo não sustentável.
 
  Assim como o colapso de civilizações humanas inteiras, devido ao mau uso da natureza, não é novidade na História Humana, a extinção de espécies também não é novidade para a natureza. Os cientistas conhecem pelo menos 10 eventos de extinção em massa no nosso planeta. E a natureza se recuperou. O mais recente foi provocado por um meteoro que caiu na península de Yucatán, no Golfo do México, e extinguiu todos os animais terrestres com mais de 25 quilogramas, entre os quais a espécie mais famosa é a dos dinossauros. Sorte nossa que os ancestrais mamíferos estavam na minoria que sobrou, e mais sorte ainda por que não teriam que se esconder mais dos dinossauros, permitindo a nossa existência hoje. Então, o que é crise para uma espécie pode ser oportunidade para outra.
 
  A diferença é que agora o ‘ meteoro ’ somos nós. E os dinossauros também!
 
  Para compreender a profundidade do nosso impacto na natureza precisamos ir à raiz do problema, ou talvez não consigamos produzir as mudanças além da superfície. Ao contrário do que pensam os cartórios de registros de imóveis e de patentes, o mundo não nos pertence.
 
  Em nossa ilusão e arrogância, temos torcido e retorcido a realidade até que as respostas se encaixem em nossa visão de espécie superior. No passado, aceitávamos a escravidão de outros humanos sob o argumento de serem inferiores, perdedores ou sem alma. Hoje, fazemos o mesmo com os animais e com a natureza.  O que nos diferencia das demais espécies não é a inteligência ou sentidos mais apurados. Muitas espécies possuem sentidos mais desenvolvidos que os nossos e também tem inteligência, são seres sensíveis, comunicam-se através de sons e gestos, usam ferramentas, etc. O que nos torna diferentes é a consciência. Aparentemente, um atributo exclusivo da espécie humana.
 
  Se por um lado a consciência nos deu uma identidade e nos tornou únicos, por outro, nos deu a ilusão de separação.  E daí a nos achar separados da natureza foi um pequeno pulo de nossa imaginação, como se o que fizéssemos à natureza e às demais espécies não fosse nos atingir de alguma forma. Estava dada a largada para o modelo de consumo irresponsável, a concentração de riquezas e a injustiça social e ambiental. Então, se pretendemos sobreviver, teremos de sentir, pensar e agir diferente. Ou nos reposicionamos na natureza, ou mais cedo ou mais tarde, nossa civilização conhecerá o mesmo destino de outras que nos sucederam.
 
* Vilmar Sidnei Demamam Berna é escritor e jornalista, fundou a REBIA - Rede Brasileira de Informação Ambiental (www.rebia.org.br), em janeiro de 1996 fundou o Jornal do Meio Ambiente e, em 2006, a Revista do Meio Ambiente e o Portal do Meio Ambiente (www.portaldomeioambiente.org.br).

sexta-feira, 2 de março de 2012

A importância da discussão da água na Rio+20


Por Sucena Shkrada Resk (Blog Cidadãos do Mundo)

  Hoje ao ler a matéria 2,7 bilhões de pessoas sofrem com escassez de água, veiculada no Estadão, e acompanhar as discussões que envolvem o VI Fórum Mundial da Água, que acontecerá, em Marselha, entre os dias 12 e 17, reflito o seguinte, no contexto da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20):

 Se esse tema for menosprezado dentro das prioridades do encontro, realmente as soluções ficarão mais difíceis para a qualidade de vida no planeta. O tema está contemplado no draft zero (rascunho zero) à espera de uma discussão mais atenta e séria, de fôlego, de curto a longo prazo, tanto pelos governantes, como pelos representantes dos Major Groups (nove segmentos da sociedade civil – consumidores, trabalhadores, empresários, agricultores, estudantes, professores, pesquisadores, ativistas, comunidades nativas). Por outro lado, a pressão política a ser exercida pelo Fórum Mundial da Água ainda é uma incógnita.


  Segundo Benedito Braga, que preside o Fórum, lá se reunirão ministros, parlamentares e prefeitos que discutirão em grupos divididos regionalmente nas Américas, Ásia Pacífico, África e Europa. “Teremos também um encontro presidencial de alto nível”, diz. Isso, em sua opinião, favorece uma discussão mais plural e com participantes ativos em decisões na gestão da água. Veja a íntegra em
www.cidadaodomundo.blog-se.com.br

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Rio+20: a crise social e os empregos verdes na mira


Por Sucena Shkrada Resk
  Quanto mais se discute os possíveis caminhos da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), o que fica mais claro é o fato de que o diagnóstico já está feito. A questão é tratar de “como” fazer diferente. A crise social global já é reconhecida em números, geograficamente e em suas causas. A pergunta é: o quanto a Rio+20 vai realmente se aprofundar com relação ao “combate à extrema pobreza”, de forma contundente e nós, da sociedade civil, vamos pressionar e participar da mobilização, neste sentido…
 
Um documento que dá um panorama de como está a situação mundial é The Global Social Crisis Report on the World Social Situation 2011 . Veja a íntegra em www.cidadaodomundo.blog-se.com.br .

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

O tripé (capenga) da Sustentabilidade, a RIO + 20, os políticos e os eleitores

Por Vilmar Berna (fundador da Rebia e editor do Portal do Meio Ambiente)

  O Ministério do Meio Ambiente é um dos menores orçamentos da República. E, ainda assim, consegue perder mais ainda, ano após ano. Em 15/02/2012, o Ministério do Meio Ambiente (MMA) perdeu 19% dos valores previstos originalmente na Lei Orçamentária Anual. São R$ 197 milhões a menos, dos R$ 1,01 bilhão previsto. Terá para investimentos em 2012 o montante de R$ 815 milhões. No ano passado, o corte no ministério do Meio Ambiente foi de R$ 398 milhões (o equivalente a 37% do montante inicial).

   Em junho teremos a RIO+20, quando o mundo todo estará de olhos voltados para o Brasil. O tema em pauta é a sustentabilidade, com ênfase em três questões, o combate à fome, a economia verde e a governança global. O evento na verdade são dois, como foi na ECO 92. Um oficial, dos líderes de governo, onde as decisões precisam ser por consenso e ainda dependem do aval dos cinco maiores e mais poderosos países e que costumam não gostar muito de regras que imponham limites aos seus modelos de desenvolvimento e governança, em boa parte, raízes dos problemas que o mundo vive hoje. Sorte nossa é que existe outro evento, este organizado pela sociedade civil, com o pé no chão da realidade, e que pressiona pelo mundo melhor que merece e que sabe que e possível.

   Cinco meses depois deste grande evento, o Brasil estará votando para escolher seus novos prefeitos e vereadores, ou para reeleger os que já estão aí. Então, será natural que os candidatos aproveitem qualquer espaço para divulgar suas campanhas. Ainda bem, por que o que a sociedade mais precisa agora - para reencontrar os caminhos entre o sonho e o possível - , é o exercício da boa política, capaz de intermediar conflitos que são naturais numa democracia. A falsa idéia de que político é tudo igual e nenhum presta é um desserviço à democracia e só contribui para manter no poder os maus políticos.

   O Brasil sempre se equilibrou sobre um tripé capenga, tão desproporcionalmente, que praticamente impossível equilibrar-se em pé. Em primeiro lugar, uma exagerada ênfase no crescimento econômico. Em segundo, nas questões sociais, mas no que diz respeito ao econômico, com sua ênfase na inclusão dos excluídos ao mercado de consumo, para aumentarem os lucros do econômico. E, finalmente, em terceiro, com bem pouquinha ênfase, na lanterninha dos interesses da sustentabilidade, as questões ambientais, que com a economia verde, ganha alguma chance de ser considerada pelos setores econômicos interessados em novos nichos de mercado e de lucros.

   É bem comum criticarmos prefeitos, vereadores, governadores, a Presidência da República de não cuidarem direito do meio ambiente. São críticas naturais e até desejáveis, naturais numa sociedade democrática. Entretanto, nem sempre são justas, principalmente quando apenas cobram maior compromisso ambiental e com a sustentabilidade de nossos governantes e dos empresários, mas na hora de votar, ou de consumir, tais questões não são prioritárias para eleitores e consumidores.

   É a maioria que dá força aos poderosos quando os elege e reelege. É essa maioria, com falsos sonhos de consumo, que enriquece os grandes grupos econômicos. Então, para sermos justos, a qualidade dos políticos e dos empresários que temos representa a vontade da maioria do povo brasileiro. E a maioria já foi responsável pela crucificação de Jesus ou pela subida do Hitler ao poder.

   Não conseguiremos sair de uma situação onde o meio ambiente é tratado com pouco caso para outra em que meio ambiente, economia e o social sejam vistos equilibradamente, sem que consigamos chegar à maioria.

   As questões da sustentabilidade ainda não são assunto de mesa de bar, de pagodes, ou de bate papo na esquina – e deveriam ser. E este é um grande desafio para jornalistas, educadores, artistas e todos que lidam com o publico e multiplicam opinião. Falar uma linguagem que seja percebida por todos, traduzirem o ecologês para as carências de nossa sociedade, falar para segmentos da opinião pública que muitas vezes não compreendem como um mico-leão-dourado, uma baleia, ou uma floresta podem merecer mais atenção e recursos que um ser humano que sobrevive dos restos que consegue achar no lixo.

   Somos quase 200 milhões de pessoas, com enorme dificuldade de acesso às informações sobre meio ambiente e sustentabilidade, a não ser aquelas informações que reforçam a idéia de que meio ambiente é assunto de plantinhas e bichinhos, muito bonitinhos e importantes, mas pouco prioritários quando o que estiver em questão for o progresso humano.

   A humanidade está, de certa maneira, diante da mesma mudança radical de ponto de vista proposta por Galileu, que quase morreu na fogueira da Inquisição ao afirmar que era a Terra que girava em torno do Universo, e não o contrário. Não somos nós que somos os donos da natureza. É o contrário. Por mais especial que nossa espécie se considere, a natureza não precisa de nós, mas é o contrário.

   O evento paralelo à RIO+20 permitirá a cada um de nós mostrar que mudamos de visão. As eleições também. A natureza não vota. Então, precisamos votar por ela, não que ela precise de nós para alguma coisa, nós é que precisamos dela. Ou descemos do salto alto da nossa cobiça e arrogância humanas, e reaprendemos a conviver com o Planeta, ou mais cedo ou mais tarde, não teremos mais condições de nos adaptar.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Rumo à Rio+20: Foco da campanha Meu Sonho Verde

Por Sucena Shkrada Resk (Blog Cidadãos do Mundo)
  A Campanha "Meu Sonho Verde", que está em vigor até a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), propõe que cidadãos apresentem seus sonhos (mensagens em vídeo) encaminhados por e-mail ou pelo telefone. Os temas podem girar em torno de: ar e clima/água e saneamento/biodiversidade e desenvolvimento da proteção, participação comunitária e inclusão social/consumo/energia/informação e educação/ciência, tecnologia e inovação, etransporte, entre outros. A iniciativa é do Instituto para Treinamento e Pesquisa das Nações Unidas (Unitar) e da Cifal Network.

   Segundo a Unitar, foi inspirada no projeto Dream In, realizado na Índia, em fevereiro passado. A campanha foi encomendada pelo braço da ONU para treinamento e lançada durante a Conferência Internacional Cidades Inovadoras, em maio 2011, pela CIFAL Curitiba e pela Federação das Indústrias do Paraná. Para mobilizar a sociedade, um número superior a 70 brasileiros chamados de "caçadores de sonhos" recolheram declarações em vídeo em comunidades urbanas de cidades vizinhas de Curitiba. O resultado foi a coleta de 800 sonhos verdes. Veja mais em www.cidadaodomundo.blog-se.com.br .

sábado, 11 de fevereiro de 2012

As ONGs e a democracia

Por Vilmar Berna (fundador da Rebia e editor do Portal do Meio Ambiente)

  Vez por outra sou informado que ONGs (Organizações Não Governamentais) importantes na história do movimento ecológico brasileiro ou fecharam as portas ou estão quase fazendo isso. Se fossem empresas, diríamos que abriram falência. Podem não se tratarem de fatos isolados, mas revelarem algo mais que pode estar atingindo a todo o chamado movimento ambientalista. Não se trata aqui de apontar erros, mas de buscar os motivos.

  Precisamos reconhecer que, nas últimas décadas, a consciência ecológica na sociedade mudou, e radicalmente, de uma visão que justificava o progresso a qualquer preço, para uma ideia de progresso que trás benefícios e sacrifícios que devem ser técnica, financeira e politicamente mitigados, reparados, compensados, tanto para o meio ambiente quanto para as pessoas.

  E que este processo não se deu por um acaso, mas principalmente pela combatividade e persistência das ONGs ambientalistas, tanto em apontar problemas quanto soluções. E este reconhecimento é importante para prosseguirmos na luta, por que se trata de um processo histórico e democrático em andamento, onde as ONGs ambientalistas tiveram um papel fundamental no passado, mas que ainda exercem hoje e ainda mais no futuro.  A sociedade precisa das ONGs, e quanto mais fortes, melhores, pois a distância entre a intenção e os gestos ainda é o grande desafio da sustentabilidade. A sociedade ainda irá contabilizar mais perdas que ganhos socioambientais antes de conseguir mudar o modelo de desenvolvimento de insustentável para sustentável. E quanto maior a consciência e a organização e forca das ONGs, mais os poderes públicos e o setor empresarial irão também evoluir para políticas publicas e privadas, e novas leis, que incorporem a sustentabilidade.

  E mais. Se esta vitória pela mudança de consciência ambiental pode ser atribuída em grande parte à atuação do movimento ambientalista, ela também precisa ser atribuída à imprensa, que ampliou a voz das ONGs. E neste processo, a imprensa se ambientalizou, dando origem à especialização do jornalismo ambiental, ao surgimento da mídia ambiental e das redes de informações ambientais, onde se incluem a Revista e o Portal do Meio Ambiente e a REBIA, aos núcleos de jornalismo ambientais, entre os quais se destaca pelo pioneirismo o do Rio Grande do Sul, que inspirou vários outros. A própria mídia de massa, sempre preocupada em refletir o interesse da sociedade, passou a incorporar a pauta ambiental. A ampla divulgação dos grandes acidentes ambientais, no Brasil e no mundo, fizeram e ainda faz avançar a consciência ambiental na sociedade. Infelizmente, por que este processo não precisava acontecer através da dor, por que o amor também constrói consciência ambiental.

  O surgimento e multiplicação da ONGs ambientalistas estão diretamente relacionados a esta tomada de consciência pela sociedade, num processo de alimentação e retroalimentação embora as ONGs não tenham um mandato eletivo, cumprem um papel social, não de representarem a si próprias, mas a estes segmentos da sociedade.

  Algumas ONGs escolheram o caminho da denúncia, e se tornaram mais combativas, outras, escolheram o caminho de oferecer modelos demonstrativos de solução, buscando captar recursos para realizarem projetos. Não existe aqui qualquer julgamento de valor, se um caminho é mais importante que o outro, pois acredito que ambos são valorosos e importantes. Entretanto, não conheço ONGs que conseguiram equilibrar bem os objetivos de denunciar numa ponta e mostrar as soluções na outra. Geralmente são mal interpretadas, como se estivessem criando dificuldades numa ponta para vender facilidade na outra. Em alguns casos isso pode ser até verdadeiro, mas não é a regra. Onde existem seres humanos, existem misérias e grandezas, típicas do humano. O fato é que é tão importante existirem organizações que nos alertam para os problemas quanto as que nos apontam soluções, criando modelos demonstrativos das mudanças que querem ver na sociedade.

  Entretanto, precisamos reconhecer que o equilíbrio entre ser as duas coisas ao mesmo tempo não é fácil. Enquanto para denunciar uma ONG só precisa de cidadãos voluntários conscientes, participativos e indignados, para apresentar soluções, precisa de técnicos qualificados. E nem sempre quem apontou soluções está qualificado tecnicamente para executá-la, forçando a ONG a ter de contratar profissionais no mercado, e aí ela não se diferencia de um empregador comum - precisa de recursos para pagar os salários de mercado e os direitos trabalhistas, o que quase nunca acontece. Já os profissionais que chegam não precisam ' vestir a camisa ', nem se sentir comprometidos nem com a causa nem com a ONG, por que não se requer mesmo isso deles, mas que apresentem resultados. Os conflitos entre associados voluntários e técnicos contratados numa ONG pode ser de difícil solução para a Diretoria, que nem sempre pode estar qualificada para atuar num ambiente de conflitos, e intermediar soluções a fim de se buscar o equilíbrio possível, que pode estar longe do ideal e mesmo desagradar a todos os lados envolvidos. Entretanto, é assim mesmo que acontece numa democracia.
 
  E aqui surge outro problema que costuma afetar as ONGs, a falta de democracia interna. E não necessariamente por má fé, mas por que são poucos os cidadãos conscientes na sociedade dispostos a se dedicarem a uma ONG. Os membros das Diretorias acabam se perpetuando no poder, às vezes por vaidade e oportunismo, mas às vezes por falta de quem se disponha a substituí-los. O processo democrático, com suas lutas internas, é importante para selecionar os melhores dirigentes entre os mais hábeis na lida dos conflitos e visões diferentes naturais em qualquer organização democrática. 

  Quando não há renovação democrática interna, a organização pode tender à esclerose, no sentido de ir endurecendo, perdendo a capacidade de intermediar conflitos, de arbitrar divergências e, o que é pior, afastando-se dos segmentos da sociedade que deveria representar. Enquanto houver dinheiro na ONG, a Diretoria pode contratar profissionais para executar os serviços - nada diferente do que uma empresa já faz, mas se negligenciar o papel dos voluntários e de ações da organização que não estejam efetivamente trazendo dinheiro para a Organização, a tendência é provocar o afastamento dos voluntários, que são os cidadãos que formam a razão de existir da organização.

  Então, quando o dinheiro acaba, e os profissionais vão embora, o que pode resultar é uma ONG de fachada, vazia de conteúdo e motivação e, então, não haverá mesmo mais razão de continuar existindo. Não será uma ONG ambientalista a menos, mas um tecido social democrático mais enfraquecido, significando que a sociedade terá dado um passo atrás nas suas conquistas democráticas do mundo melhor que é possível e que merece ter por que o está construindo efetivamente.
 

Memória: Repórter Eco completa 20 anos

Por Sucena Shkrada Resk (Blog Cidadãos do Mundo)

  Cada história completa a experiência de alguém neste planeta. De uma forma indireta, os 20 anos do Repórter Eco, completados neste mês, se integram de maneira fragmentada, às minhas próprias memórias. Em 1992, recém-saída do curso de jornalismo da Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP), eu participava do 1º Curso de Telejornalismo da TV Cultura, na sede da emissora, na rua Cenno Sbrighi, na Lapa...

  Conheci à época, profissionais que começavam a tecer o repertório educomunicativo do jornalismo ambiental televiso, entretanto, não tinha a dimensão do que isso realmente significava. Fui ter essa perspectiva, ao me engajar nessa seara, muitos anos depois, mais precisamente a partir de 2008, de forma contínua (no jornalismo ambiental impresso e on line), quando também descobri que tinha na veia, essa proposta profissional e de vida (sem saber), com a vivência de repórter de cidades...

  Voltando no tempo...Era o ano da Eco92 ou da Cúpula da Terra, em que centenas de militantes clamariam quatro meses depois, pela qualidade de vida no mundo e, em especial, em manifestações no Rio de Janeiro. O Repórter Eco nasceu, no período dessa efervescência militante e com um caráter muito interessante, que tenho condição de falar de forma amadurecida hoje: transmitir a pauta socioambiental, de uma maneira didática, o que infere o reconhecimento dos esforços de todas as pessoas que passaram por lá, em frente e por detrás das câmeras. Com o passar dos anos, soube dar mais valor a esse empenho.

  Ao olhar lá para trás e para o hoje, o que é possível refletir? O senso ético e batalhador que envolve a prática da comunicação socioambiental; pois fazer cada programa, com certeza, exige muito esforço, redobrado no contexto de uma TV Educativa e pública, em que os apoios (financeiros) não são iguais ao de uma TV comercial. Vou mais além: um esforço de equipe, pois as reportagens não sensibilizarão o telespectador, se não houver o entrosamento desse grupo. Isso não quer dizer somente no âmbito “técnico”, mas quanto a princípios e ideais. E se esses últimos morrerem, não há mais sentido...Perde o diferencial.

  Alguns nomes ficaram mais conhecidos na história do Repórter Eco, como de Maria Zulmira e Washington Novaes, de forma merecida. Mas muitos outros profissionais são responsáveis por essa construção. Pesquisei esses nomes:

  Alexandro Forte, Camila Doretto, Claudia Tavares, Erinaldo Silva, Flávia Lippi, Isabella Chedid, Lúcia Soares, Maria Flor Calil, Márcia Bongiovanni, Mylene Parisi, Paula Piccin, Pati Ioco, Vera Diegoli eTeresa Cristina de Barros (alguns colegas, tive oportunidade de conhecer pessoalmente no ontem e no hoje), mas sei que muitos não menciono aqui devidamente (cabos man, câmeras, pauteiros, motoristas...), mas se sintam reconhecidos.

  Agora, vem a Rio+20 e todas as implicações após a conferência, pois a vida continua neste planeta; um desafio e tanto para trazer novas leituras e contextualizações para a cobertura das repercussões desse evento, como da Cúpula dos Povos. Desejo que todos os profissionais, que fazem parte do Repórter Eco, continuem com a ânsia por um mundo melhor, por trás de cada minuto da fase bruta e da editada dos programas; enxergando no ribeirinho e em personalidades, como o socioeconomista Ignacy Sachs, o mesmo valor de contribuição a todos nós, por meio de suas experiências. Feliz aniversário!

  Veja também no Blog Cidadãos do Mundo:

07/02/2012 18:03 Memória: Os bastidores da Ecoagência

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Memória: os bastidores da Ecoagência

Por Sucena Shkrada Resk (Blog Cidadãos do Mundo)

Conhecer os caminhos trilhados por profissionais veteranos do jornalismo ambiental é um meio positivo de se valorizar os esforços desses pioneiros, como também revigorar a “chama” militante e os rumos editoriais. Com esse propósito, mantive um bate-papo, no último dia 23 de janeiro, com Ilza Girardi e Juarez Tosi, na sede do grupo, que fica no prédio histórico da Associação Riograndense de Imprensa, em Porto Alegre, RS. E lá realmente me dei conta de que para se permanecer na área, “idealismo” é indispensável, pois não é uma escolha profissional com a meta principal de se ganhar dinheiro.

“A Ecoagência Solidária de Notícias Ambientais (www.ecoagencia.com.br) surgiu a partir da necessidade que nosso Núcleo de Ecojornalistas do Rio Grande do Sul - NEJ-RS (formado desde 1990) sentiu de se fazer a cobertura do Fórum Social Mundial (FSM) de 2003. Não havia mídia específica que tratasse das questões ambientais”, explicou Ilza, que também é docente universitária na área de jornalismo ambiental.

Nesse time de profissionais, estavam ela, Tosi, Beto Gonçalves, Carlos Tautz, Vilmar Berna... “E no mesmo ano, criamos a Ecoagência, primeiramente na estrutura de site cedida por João Batista Aguiar, do Agir Azul (que existe até hoje e participa do grupo) e na sequência, lançamos a hospedagem na nossa própria página”.

Segundo Ilza e Tosi, a produção de matérias durante todos esses anos se deu principalmente de forma voluntária, e cada profissional tem outras fontes de renda para sobreviver. “As pautas que reportávamos naquela época eram sobre a polêmica da privatização e contaminação da água; preservação das sementes crioulas versus transgênicos, e agrotóxicos, entre outras, que continuam atuais. Só não havia ainda um destaque sobre a questão do clima, como nos últimos anos”, diz Ilza. Veja a íntegra em www.cidadaodomundo.blog-se.com.br .

Malária: uma realidade do século XXI

Por Sucena Shkrada Resk (Blog Cidadãos do Mundo)
  A Malária não é uma questão de saúde pública circunscrita ao passado, mas do século XXI, que não pode ser menosprezada e se relaciona com a forma como interagimos com o meio ambiente. Historicamente tem maior incidência na África subsaariana e nas Américas, o Brasil apresenta um grande número de casos junto à Colômbia, Haiti e Peru, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Pesquisa publicada na Revista Lancet, coordenada pelo professor Christopher Murray, da Universidade de Washington, aponta que a doença mata cerca de 1,2 milhão de pessoas por ano no mundo. A maioria são crianças menores de cinco anos, entretanto, aumentam incidências em crianças maiores e em adultos (veja mais em matéria divulgada pela Agência Fapesp - Malária mata 1,2 milhão por ano, de 03/02/2012).

   Segundo o Ministério da Saúde, no Brasil houve mais de 300 mil notificações de casos no país em 2010, 99% deles na região amazônica. Alguns fatores que contribuem para a proliferação da fêmea do mosquito Anopheles, que é transmissora da doença (ao picar uma pessoa contaminada pelo parasita Plasmodium) são: o extrativismo, a piscicultura, os seringais e até os tipos de moradias, mais próximas às matas. Por isso, a importância da limpeza de tanques de psicultura, de igarapés, do uso de mosquiteiros...O Anopheles se reproduz em água limpa e seu voo chega a um raio de 600 a 1 mil metros do criadouro...

Um site interessante que mantém uma campanha é
Mobilização contra a Malária

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Por dentro do bioma Pampa, RS

 
  Tirei essa foto no saguão do Aeroporto de Porto Alegre, no último dia 30, onde está em cartaz uma exposição sobre o pampa, que ocupa uma área de 178 mil km2 (2,1% do território brasileiro). Achei bem interessante, pois traz informações que geralmente não são multiplicadas...

Um dos dados alarmantes é que hoje restam 41% de vegetação natural e apenas 2% estão em área de preservação ambiental... São mais de 3 mil plantas diversas, 480 espécies de aves, 90 de mamíferos...Esse é um dos símbolos presentes, que representa a riqueza dessa biodiversidade - a espécie veste-amarela, ameaçada de extinção...

Sucena Shkrada Resk

sábado, 14 de janeiro de 2012

Rio+20: O que fazemos com tanta informação?


Por Sucena Shkrada Resk (Blog Cidadãos do Mundo
Para quem acompanha ou atua na área socioambiental, a contagem regressiva para a realização da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), em junho, ao menos, gera uma carga significativa de pesquisas e informações para que possamos trabalhar o pensamento complexo, como diz o pensador francês Edgar Morin.

Então, nada melhor do que colocar os “neurônios” para trabalhar, para que saiamos do estado de inércia ou de eterna contemplação de discursos recorrentes da agenda ambiental e passemos para as ações no dia a dia. E vale a sabedoria implícita no “processo de formiguinha”, pois é aí que nasce, de fato, os feitos úteis à sociedade. Afinal, temos de dar sentido ao que fazer com tanta informação, não é verdade?...

Nessa gama de documentos, destaco alguns, que possibilitam reflexões a respeito da condução do modelo de desenvolvimento no qual vivemos e compactuamos, de certa forma. Com o nome “O Futuro que Queremos”, a secretaria – geral da Rio+20 lançou o draft (rascunho zero) da declaração oficial a ser apresentada no encontro. A tradução não-oficial do documento, em que constam 128 itens, pode ser consultada no site da Cúpula dos Povos (evento paralelo da sociedade civil) http://tinyurl.com/zerodraftrioplus20.

Os temas que se destacam nesse paper são: - Água potável, energia sustentável e oceanos. Outras áreas consideradas prioritárias para ações concretas de mudanças são: segurança alimentar e agricultura sustentável; cidades sustentáveis; empregos verdes, emprego e inclusão social; redução dos riscos de desastres e resiliência; biodiversidade e florestas.

Todos esses tópicos giram em torno do modelo de extração, produção e consumo, que mantemos. Numa maneira mais simplificada de interpretação, trata de nossas “pegadas” – ecológica, hídrica, energética...


E uma das conclusões óbvias expressas no texto é: "...Nós, no entanto, observamos que, apesar dos esforços dos governos e atores não-estatais em todos os países, o desenvolvimento sustentável continua a ser um objetivo distante, e as principais barreiras e lacunas sistêmicas na implementação dos compromissos acordados internacionalmente permanecem...”. Veja a íntegra em
www.cidadaodomundo.blog-se.com.br .

sábado, 7 de janeiro de 2012

Nota: Funai afirma que irá apurar caso de criança indígena carbonizada

Por Sucena Shkrada Resk (Blog Cidadãos do Mundo)
  Praticamente três meses depois, a Fundação Nacional do Índio (Funai) informou que está encaminhando equipe para apurar o caso de denúncia de que uma criança indígena do povo Awá-Guajá teria sido queimada por madeireiros em outubro no Maranhão. Mais informações deverão ser prestadas no dia 9. A pressão das redes sociais teve um efeito imediato ontem.
 
  Mais informações no link da matéria veiculada pela Agência Brasil, na noite de ontem: http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2012-01-06/funai-apura-caso-de-crianca-carbonizada-por-madeireiros-no-maranhao
 
  Leia mais no Blog Cidadãos do Mundo:
  06/01 - Que chance teve a criança indígena?

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Que chance teve a criança indígena?

Por Sucena Shkrada Resk (Blog Cidadãos do Mundo)
  Uma notícia realmente me abateu hoje. Foi da denúncia da atrocidade feita com uma criança indígena do povo Awá-Guajá, de cerca de oito anos. O seu corpo carbonizado teria sido abandonado pelos Awá isolados, a cerca de 20 km da aldeia Patizal do povo Tenetehara, em Arame (MA). Tudo indica que foi vítima de ataque de homens brancos. O mais estarrecedor é que esse ato de violência deve ter acontecido entre setembro e outubro passado. E está sendo apurado pela Fundação Nacional do Índio (Funai) e pelas autoridades? Afinal, existe uma Coordenação Geral de Índios Isolados e Recém Contatados (CGIIRC).

   Quando li no site do Conselho Missionário Indigenista (CIMI), que a criança foi "queimada viva", tive a sensação de estar no "umbral". A ganância pelas terras, pelo comércio ilegal de madeira faz com que alguns seres humanos se transformem na escória de nosso planeta. Fico apreensiva, quando dizem que descobriram índios isolados, no intuito de protegê-los. Quando o homem branco intervém, em muitos casos, vem a cobiça junto. O país é de dimensão continental, será que há tanta dificuldade de haver espaço para todos? Obviamente que não.

   Ao mesmo tempo, sem saber da existência dessas comunidades, às vezes, podem ser dizimadas, sem que saibamos que um dia existiram. É uma linha muito tênue. A Funai estima que existam 28 grupos de índios isolados (povos em situação de isolamento voluntário, povos ocultos, povos não-contatados) no Brasil. Além da CGIIRC, mantém 12 Frentes de Proteção Etnoambiental, localizadas nos estados do MT (2), MA (1), PA (2), AM (3), AC (1), RO (2), e RR (1). Os povos são os seguintes:

- Juruena, Awa-Guajá, Cuminapanema, Vale do Javari, Envira, Guaporé, Madeira, Madeirinha, Purus, Médio Xingu, Uru-Eu-Wau-Wau e Yanomami.

   As informações também são encontradas no site Povos Indígenas do Brasil, do Instituto Socioambiental (ISA). Mas as certezas estão longe de se efetivar sobre esse censo.

   Uma das descobertas mais recentes ocorreu em janeiro do ano passado, quando foi divulgada a notícia de que a organização não -governamental (ONG) Survival International, de Londres, tinha imagens inéditas de indígenas isolados no Vale do Rio Envira, no Acre, na fronteira do Brasil com o Peru; e os mesmos sofriam pressão de madeireiros (http://www.uncontactedtribes.org/fotosbrasil). A descoberta foi confirmada pela Fundação Nacional do Índio (Funai). E a partir daí, o que essas pessoas podem esperar com relação à sua segurança? Veja mais em www.cidadaodomundo.blog-se.com.br .

Anos e décadas institucionais da ONU e a Rio+20


Por Sucena Shkrada Resk (Blog Cidadãos do Mundo)

  No contexto da #Rio+20, estrategicamente a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu 2012 como ano de importantes eixos da sustentabilidade, quando completa 40 anos de atividade:

   Os temas são:

   - Ano Internacional de Energia Sustentável para Todos e
 - Ano Internacional das Cooperativas (que quem sabe, impulsione institucionalmente, pelo menos, a economia solidária aqui no Brasil e no mundo);

   Vale lembrar que no dia 17 de dezembro passado, a organização lançou também a Década da Biodiversidade (2011-2020); mas se pensarmos bem, deveria ser (2012-2021), pois foi quase na virada de ano. Mas esse não é o detalhe principal, o que importa é que todos os acordos tecidos nas conferências das partes sejam implementados, como o Protocolo ABS, de Nagoya.


   Já a Década sobre Desertos e de Combate à Desertificação (2010-2020) - observem que tem mais um ano = 11 anos -, está em vigor desde o ano retrasado e é um dos temas que deveria ser dos mais prioritários na agenda, que está interligado às mudanças climáticas, ao combate à fome, mas parece que para o mundo se torna de segundo escalão. O que é contraditório, afinal, mais de 100 países no mundo passam por este problema. O flagelo em locais como o Chifre da África, entre outros, nos lembra diariamente o que isso significa: degradação, violência e morte. Mais de 1 milhão de pessoas passando fome parece que vira um assunto a mais nas manchetes eventuais e nas discussões multilaterais principalmente na pujança da temática econômica.


   O mais interessante é que a Década das Nações Unidas da Educação para o Desenvolvimento Sustentável (2005-2014) praticamente passa em branco para a imprensa, para o setor educacional e principalmente para todos nós. Não seria um exercício e tanto para se repensar o modelo de desenvolvimento, que tem muito a ver com a governança da sustentabilidade, que será tratada na Rio+20? Nesse mesmo eixo, caiu no esquecimento, a Década da ONU Água para a Vida (2005-2014). Então, para que servem todas essas datas? Em tese, no campo das negociações políticas internacionais, para que os países que fazem parte do Sistema ONU se comprometam com políticas condizentes a essas pautas. Mas é óbvio que as ações dependem de uma conjuntura: governança no poder, financiamentos, políticas públicas estruturantes e por aí vai...


   E não podemos menosprezar, inclusive, as entrelinhas da Década de Ações para a Segurança no Trânsito (2011-2020). Aí alguém pode perguntar o que isso tem a ver com sustentabilidade...Algumas respostas nada desprezíveis: modelo de consumo, cultura de paz, qualidade de vida e a relação com emissões de Gases de Efeito Estufa (GEEs). A lógica é a seguinte: veículos menos poluentes e com boas condições de manutenção resultam em mais segurança...Leia a íntegra em
www.cidadaodomundo.blog-se.com.br .